quinta-feira, agosto 30, 2018

Três poemas de Edna das Dores de Oliveira Coimbra



As vozes que eu ouço

São duas as vozes que eu ouço
E ambas são bem atuantes
Uma é amável e elegante
A outra, autoritária e arrogante.
As vozes que falam comigo
Relutam pelo meu abrigo
Uma quer trabalho e leitura
A outra, prazer e aventura.
Uma me chama pelo meu nome
A outra, sequer me chama, manda-me!
Uma me orienta que eu busque equilíbrio na paz
A outra me instiga a ser mordaz.
Uma tem sentimento de perdão
A outra, grande mágoa no coração.
Uma é dinâmica e altruísta
A outra, infrutífera e egoísta.
Uma me traz à memória, as minhas esperanças
A outra me recorda meus dias de lama.
Uma me deixa em situação de conforto
A outra, em atuação de confronto.
Uma canta lindas melodias de amor
A outra recita sua cartilha de terror.
Uma esquece as afrontas facilmente
A outra guarda todas diligentemente.
Uma não mede esforços
Em me conduzir à casa do Pai
A outra não desiste de bloquear meu caminhar.
Uma me diz que eu preciso me consagrar mais
A outra diz que é bobagem, bom mesmo é aproveitar.
Uma me fala de versículos bíblicos
A outra, de um passado triste.
Uma me leva a louvar
A outra, a amaldiçoar.
Quando desagrado à primeira
Ela me admoesta com firmeza
Quando não obedeço à segunda
Ela me trata com desprezo.
Estando neste dilema
Corro em busca de uma solução
Que traga tranquilidade
Para o meu caótico coração
Então abro o Evangelho
E medito na Palavra de Cristo
E nela encontro conselho
E plena certeza
De que com Ele estou livre.



Bendito seja Deus

Pelo sol que aquece
Pela chuva que refresca
Pelo fruto da terra
E pelo arco-íris suspenso na atmosfera
Bendito seja Deus
Pela lua que ilumina o viajante
Pelo brilho das estrelas que direcionam o itinerante
Pelas árvores que dão sombra
E pelo bordão que dá abrigo
Bendito seja Deus
Pelas mãos que abençoam o necessitado
Pelo abraço que conforta o angustiado
Pelo sorriso que contagia o exasperado
E pelos conselhos dos sábios
Bendito seja Deus
Pelas palavras que levantam o caído
Pelas orações que libertam o cativo
Pelo jejum que salva o oprimido
E pelos joelhos que se dobram a Cristo
Bendito seja Deus
Pelas ondas que se delimitam na praia
Pelas lágrimas que purificam a alma
Pela euforia de nascer e louvar ao Criador
E pelo júbilo de morrer e me apresentar ao Senhor
Bendito seja Deus



Refúgio

Quando pressinto que ele
Aproxima-se de mim
Corro em busca dos meus discos,
Meus filmes,
Meus livros.
Mas ele é implacável, atroz, desumano,
Arrancando de mim todo o interesse
Em ouvir, assistir, ler.
Então elevo os meus pensamentos
Ao Senhor,
Meu refúgio e fortaleza,
Porque sei que é Dele
Que me virá o socorro.
Sua Palavra me conforta
E o seu amor me acalenta.
E quando percebo
Já estou limpando os estragos
Que o furacão deixou.

sexta-feira, agosto 17, 2018

Três poemas de Elma Sales Morais


Vale mais

O abraço sincero
A palavra verdadeira
O silêncio companheiro
O olhar de atenção
Vale mais.
A humilde acolhida
O carinho a servir o pão
O sorriso fraterno
O aperto de mão
A comunhão da palavra
A linguagem do Salvador
O enlace dos pensamentos
A harmonia simples do amor
Vale mais.
A simplicidade do diálogo
Palavras de compreensão
A oração na roda de amigos
O sorriso aberto de gratidão
Vale mais.
A caminhada com o fiel amigo
O olhar que diz mais que palavras
A doação da graça que salva
A família de Deus reunida
Vale mais.
O presente sem merecimento
A aliança da salvação
A morte que nos trouxe a vida
Deus em nosso coração.
Vale mais. 

Encanto

Em um canto me encontro a falar com Deus 
Encantada com o silêncio na madrugada 
Sons de chuvisco a tocar o chão 
Canto de aves ainda na escuridão. 
Minha oração segue com a solidão 
Quero louvar a quem tanto amo 
Um Deus fiel que traz à minha alma doçura 
Deus que me ama e demonstra ternura. 
No meu canto entoo um canto falado 
De sublime gratidão a meu Deus amado 
Não mereço, pois, sou apenas pequena serva 
Que no coração, a palavra de Deus conserva. 
Entretanto almejo sair do canto 
E repartir essa paz tanto, tanto 
Com o outro que jaz em um triste pranto 
E não sabe como agir ao desencanto. 
Só não quero guardar para mim 
A alegria desse tão grande amor sem fim 
Que reflita por onde eu passar 
O prazer de com Cristo sempre caminhar. 



Eu Vejo Deus

Eu vejo Deus nas negras nuvens 
Que derramam lágrimas no chão 
No vento forte que assombra os vales 
Na força das águas que correm sem direção. 

No sol que castiga a humanidade 
Na seca que racha o solo sem piedade 
Na secura do tempo, que sufoca a ave 
Eu vejo Deus na brisa suave. 

No céu tão claro de azul límpido 
No orvalho fresco das manhãs 
Nas fontes de mananciais subtérreos 
No ontem, hoje e no amanhã. 

Vejo Deus em todo ser que respira 
No pensador, sábio e no tolo 
No impensante belo inocente 
No zumbido alegre de um besouro. 

Na mulher que carrega o fruto no ventre 
Na demência de quem já viveu lindas paixões 
Vejo-o nas cores do arco-íris 
Na miscelânea arte das emoções. 

Vejo-o na criança perdida nas ruas 
No mendigo que passa pedindo pão
No arco íris que esbanja a fartura
No Lázaro humilde de coração

Vejo em tudo a Sua majestade
O controle da vida está em suas mãos
Ele é que ordena o Sol e a Lua
O Senhor domina a imensidão.

A presença de Deus é perene
Força que transcende o mundo vão
Vida, energia, luz eterna
Alma, Espírito, coração.

Visite o site da autora: http://www.elmamorais.com

quinta-feira, agosto 09, 2018

Poemas sobre a Árvore reunidos em antologia gratuita


        O termo grego ανθολογία (antologia), significa “coleção ou ramalhete de flores”. Daí o latim florilegium. O termo florilégio encaixa-se bem ao presente trabalho, onde procurou-se coligir poemas sobre a árvore, esse centro e pilar da hera.
        E foi sorvendo de outas antologias, e ainda de livros individuais, revistas e websites, que coligimos aqui este singelo ramalhete de poemas sobre a árvore. Adicionamos ao volume uma pequena seleção de frases sobre o tema, e, em arremate, publicamos o texto integral (vertida sua grafia ao português hodierno) do poema A Destruição das Florestas, do múltiplo Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806 – 1879). O poema, que veio à luz em 1845, é um significativo e precoce exemplo de consciência ambiental em nossa literatura.
        Uma antologia temática é uma chance sempre de a poesia penetrar em espaços outros que não os estritamente circunscritos aos apreciadores de poesia. Como antologista, confesso que prefiro, por motivos óbvios, trabalhar com temas ainda não contemplados, os quais infelizmente são muitos em nossa língua. Já assim fizemos em trabalhos como Segunda Guerra Mundial – Uma Antologia PoéticaBreve Antologia da Poesia Cristã Universal e Amor, Esperança e Fé – Uma Antologia de Citações, só para citar alguns trabalhos. Assim, qual a vantagem (ou vantagens) de debruçarmo-nos, agora, sobre uma outra antologia da árvore, já que nossa literatura possui obras neste viés? Acreditamos em algumas. A primeira, é de ordem da amplitude espaço-temporal: a coleta de um número significativo de textos, abarcando autores, se em sua maioria brasileiros ou lusos, também de outras literaturas do globo, e alguns deles de produção posterior às seletas precedentes; a segunda, por suprimento de lacuna, visto que os predecessores são livros esgotados já de há boas décadas; e, por fim, nossa motivação principal: a democratização do conhecimento proporcionada por um livro que já nasce eletrônico e gratuito, o que permite um acesso fácil, amplo e permanente ao seu conteúdo. Afinal, em tempos em que “Meio Ambiente” alcançou o status de tema transversal a perpassar o ensino de todas as disciplinas escolares, auxiliar educadores em seu esforço para incutir o reconhecimento e a valorização deste ser áulico e basilar da Natureza, a árvore, naqueles corações sob sua jurisdição, torna-se nosso objetivo mais urgente.
        Além do elogio da árvore, presta-se aqui uma homenagem a nossos poetas de agora e de ontem, e de certa forma um serviço à literatura lusófona, pois toda antologia literária é antes de tudo isso - um serviço prestado a uma literatura e ao universo de seus usuários.
        Este é um livro gratuito. Como amante das árvores e da literatura, como professor e como antologista, é um prazer ofertar este livro a todos, com votos de que ele possa ser compartilhado livremente, para que alcance os fins a que se propõe.
                               
Sammis Reachers

Para baixar o livro (224 págs., em formato PDF) pelo Google Drive, CLIQUE AQUI.

quinta-feira, agosto 02, 2018

Dois poemas de Laercio Borsato



Uma melodia

Milhões de flores nos esperam nos jardins;
As searas, os campos, breve, estarão floridos;
Aves voam alto, nos folguedos divertidos;
Vislumbra-se, ao longe, a imensidão dos confins...

Da casa da colina, o riacho coleia o monte.
Suas águas cristalinas refletem o sol poente...
Nuvens brancas contrastam o azul do horizonte;
A noite veste o véu, a terra dorme contente...

Ouve-se, nas alturas, mavioso coral.
Louva e entoa o seu canto angelical.
Parece que essas vozes aos céus vão subindo...

De repente, a melodia fica quase inaudível.
Transforma-se num sussurro: doce... incrível!
Anjos fazem sinal: Jesus estava ouvindo!


Para minha mãe

Mamãe mostrou-me a primeira borboleta!
Estava do meu lado, observando-a voar...
Meus primeiros passos, tombos e piruetas
Foram para ela algo espetacular!

Mostrava-me o sol, estrela, lua, cometa:
Obras de meu Deus, Senhor da terra e mar...
Ministrava modos, costumes, etiqueta;
Em dado momento, como devia me portar,

Na igreja, na rua, na escola, na sociedade,
Com vizinhos, colegas, ou nova amizade...
Conhecia o mundo, "meu desconhecido!"

Por crer no amor supremo, ao certo previa:
Se não soubesse tudo, Deus lhe proveria
Bem maior conhecimento que dos entendidos!

Via Revista Alvorada

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...