domingo, março 26, 2017

Três poemas de José Bezerra Duarte


Poderoso Discurso

A tarde vai morrendo. O sol, agonizante,
Ensanguenta inda o céu dos últimos clarões.
No entanto, o Nazareno envolve, nesse instante,
Em seu profundo olhar imensas multidões!

Desde pela manhã, com seu Verbo possante,
Ele sara e conforta enfermos corações.
Mas, porque nesta vida a dor nos é constante,
A fronte vem dobrar do povo, as aflições!

– Não vês, lhe diz alguém, que estamos no deserto?
Despede a multidão, que a noite já vem perto
E só longe daqui se encontra algum recurso!...

– Não despeço, diz Ele, e seria loucura...
Não voltará vazio alguém que me procura.
E, os pães multiplicando, encerrou seu discurso.


Minha Paz Vos Dou
(João 14.27)

Noite profunda. Há luto pelo espaço.
A terra, o céu, o mar, a natureza,
Parecem confundir-se em negro abraço,
Num abraço infinito de tristeza.

Sobre o mar galileu, barca indefesa,
Conduz alguns judeus no bojo escasso,
Os quais jazem vencidos de fraqueza,
Na cruel perspectiva de um fracasso.

Eis, senão quando, um vulto assoma além!
Caminha sobre o mar! Do barco, alguém
Solta brados de medo e imprecações!

Calai-vos! – diz Jesus – Que estais temendo?
Olhai, sou vosso Mestre. E, assim dizendo,
Desce a paz, sobre o barco, aos corações!...


MUNDO ETERNO

O mundo além, "o porvir", é por nós ignorado:
Jaz envolto em mistério, oculto, indescritível!
Mas Deus, no Apocalipse, o descreve adornado
Em pedrarias raras, como o pouso aprazível,
De Cristo e seus remidos! E o Salvador dos crentes
Vai, dali, governar todos os continentes!

Não se sabe a extensão dessa pátria ignota,
Nem eu a vou pintar nas tintas do meu verso.
Mesmo que alguém falasse, como bom poliglota,
As línguas conhecidas todas, do Universo,
Creio, lhe faltaria à palavra, o vigor
Bastante, a demonstrar, seu místico esplendor!!!

Dir-se-ia tudo imerso em luz! Grande alvorada!
Que a terra, o mar, o vento, os rios em cascata,
Os extensos jardins, no bosque a passarada,
Tudo, numa só voz, prorrompe em serenata,
Erguendo ao Criador os mais puros louvores,
Que enchem os corações de angelicais dulçores!

Ó almas Imortais! Almas puras, serenas,
Que buscais lenitivo à vossa eterna dor,
E em delícias viveis, com louçãs falenas,
Girando ao derredor duma encantada flor!
Recebei, com Jesus, a vida em Deus, secreta,
Pois somente em Jesus, nossa vida é completa!

Almas que, nos momentos árduos da existência,
Desejais encontrar um doce leniente,
E na noite da vida andais, com diligência,
Procurando o luar de um gesto sorridente,
No Evangelho achareis clarões mais salutares,
Do que a luz de um farol, na escuridão dos mares!

Do livro Inspirações do Ocaso (Imprensa Metodista, 1961).

domingo, março 19, 2017

Quatro poemas de Emilio Conde


MOCIDADE CRISTÃ

Cabe a ti, mocidade cristã,
Seres a esperança de amanhã;
A coluna viva da verdade,
Pregoeira de paz e liberdade.

Como as rosas de raro odor,
Que adornam o jardim do Senhor,
Para servir foste chamada,
De Cristo a causa, nesta jornada.

Não te seduza a falsa riqueza,
Não te empolgue a falsa pureza,
Conserva a fragrância das flores,
E serás poupada das dores.

Não são as vaidades ilusórias
Que outorgam as grandes vitórias.
Porém de Cristo a santidade,
Perdura por toda a eternidade.


RESSURREIÇÃO

Folgai, cantai a morte foi vencida,
Vazio o sepulcro foi encontrado;
Cristo ressurgiu, triunfou a Vida,
No céu foi recebido, e glorificado.

Não podia o pó reter a majestade,
Nem a morte a Vida dominar;
Sendo Cristo o "Pai da Eternidade",
Em Sua missão devia triunfar.

Ressurreição, hino de esperança
De todos aqueles que em Jesus crerem
A ressurreição também a alcançam
Aqueles que, fiéis, em Cristo morrerem. 


OS ANJOS ANUNCIAM

Coros divinos, em doces canções,
Ao mundo anunciam mensagem de amor:
É Cristo que veio salvar as nações,
Dando-lhes esperança de vida melhor.

As Boas Novas que os anjos trouxeram
A nós, aos pastores, e a toda a gente,
Foram confirmadas pelos que vieram
De terras distantes, os Magos do Oriente.

A luz portentosa que em Belém raiou,
Aos homens tementes deu santa alegria.
Por campos e vales a nova soou,
Que em Belém de Judá o Cristo nascia.

Não fora somente ao povo da terra
Que o Salvador viera alegrar
Enquanto Herodes lhe fazia guerra,
No templo Simeão podia cantar.


UM DIA ACONTECERÁ

Da terra os salvos serão arrebatados,
Um dia isso acontecerá.
O pranto em gozo será transformado,
Um dia isso acontecerá.

Provações e lutas serão aqui deixadas,
Um dia isto acontecerá.
Venceremos os perigos que há nas estradas,
Um dia isso acontecerá.

Viver feliz no lar eternamente, eu vou,
Um dia isso acontecerá.
Ver as mãos feridas de quem me salvou,
Um dia isso acontecerá.

Do livro Flores do Meu Jardim (Editora CPAD, circa 1957).

quinta-feira, março 09, 2017

PASSAGEM, livro de Newton Messias para download gratuito


Prefácio

A poesia de Newton Messias é a verbalização de sua ampla humanidade: ora ferida (& exposta), ora oferta amiga, contundente em sua busca de paz e equalização, justiça e misericórdia. Frutos que ela quer e possui, e, em seu amor resiliente, avança semeando-os em todas as escalas, fundando suas próprias territorialidades semióticas.
Seu verso ora livre, ora liberto em rimas, tem o toque desconcertante e álacre da poesia marginal; alma e musicalidade são o tônus de suas composições, onde toda uma herança de modernos faz-se ouvir, ruído de fundo, eco a perpassar sua prosódia prenhe de linguagens mestiçadas. Filho e andarilho do mesmo chão pernambucano que um Cabral de Mello Neto e um Manoel Bandeira, encontramos em Newton um poeta feito, que trabalha a palavra com a perícia com que dedilha seu violão (é professor da violão clássico no Conservatório Pernambucano de Música).
Sua poesia não se alheia, refém de vazios alumbramentos, mas firma sua voz no cotidiano, percebendo e decompondo(-se) (n)o zeitgeist, o espírito de seu tempo, como neste trecho de Paz moderna:
após desejar bom dia em trinta grupos do whatsapp
saiu calado sem cumprimentar ninguém

depois de assinar um avaaz contra a corrupção
estacionou na vaga de idoso (...)

Sua fé é a crença dos alforriados da religiosidade, dos que depositam em Cristo o somatório de tudo o que são – fraquezas e dons, sucessos e angústias – enfastiados pelo moroso amor e a célere corrupção que faz descarrilhar do verdadeiro cristianismo a tantas das instituições ditas cristãs.
É um prazer segredar ao leitor que este pequeno volume, para parafrasear o título de um famoso livro de Mário Quintana, é um Baú de (alegres) Espantos, uma aprazível seleta de poesia das mais vivazes, audazes e comunicantes de empoderamento, empoderamento em amor, que tenho lido nos últimos tempos.

Sammis Reachers

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