SUBLIME PASTOR
O Senhor é o meu pastor
ainda com a despensa vazia,
com a previdência doentia
e a noite dizendo na janela:
está longe o novo dia!
O Senhor é o meu pastor
ainda quando as florestas
viram uma queimada só
e as águas de descanso
uma impureza que faz dó.
O Senhor é o meu pastor
ainda quando pelo vale
das usinas nucleares
uma sirene estridente
anuncia dias intranqüilos.
O Senhor é o meu pastor
ainda quando a injustiça
corre palácios e tribunais,
condena pobres e trabalhadores
e inocenta poderosos e marginais.
O Senhor é o meu Pastor
ainda quando a mesa farta
e o lucro sem precedente
são para os nossos bancos,
para as multinacionais,
não para a nossa gente.
O Senhor é o meu Pastor
e a sua misericórdia me
seguirá em todas as idades,
pelas catástrofes naturais
e pelos perigos nas cidades.
O Senhor é o meu sublime pastor!...
Testemunho
Eu ando tão só!
Perdido que nem sei!
Alguém ainda me ama?
Os bons amigos se foram
e esqueceram de voltar...
Sinto vontade de ir embora,
mas pergunto: pra onde?
Que rumo tomar na vida?
Pelos caminhos
machuquei pessoas,
mas nenhuma vez
feri alguém por querer.
Quando se trata do coração
não dou conta: faço coisas
boas que encantam, mas
também erro, sofro e faço sofrer...
Acho até que algumas pessoas
já se cansaram de me perdoar...
Tem hora que sinto vontade
de sentar na calçada e chorar,
chorar, chorar até amanhecer,
depois andar, andar até me perder.
Cachorro sem dono expiando
seus erros, pagando suas contas
e perguntando: mereço recomeçar?
Espero que alguém ainda me veja, com
os olhos de antes, e saia a me procurar.
É mais provável que alguém que já
foi tão perdido quanto eu me acolha
e me diga, com firmeza, o que devo fazer.
Hoje só uma coisa me serve de conforto:
saber que Deus ama os perdidos.
Lava Senhor
Senhor, lava os meus pés:
precipitei alguns passos,
pisei quem não merecia,
andei por caminhos errados,
parei quando devia ter continuado,
deixei os meus pés me levarem para o pecado.
Senhor, lava as minhas mãos:
toquei o que não devia,
fiz gestos que ofenderam,
feri quem já estava machucado,
perdi de tecer coisas do teu agrado,
deixei minhas mãos acariciarem o pecado.
Senhor, lava a minha boca:
Ofendi com palavras e palavrões,
contei o que era segredo,
expus as fraquezas alheias,
falei quando devia ter me calado,
deixei minha boca me chafurdar no pecado.
Senhor, lava o meu coração:
nele guardei coisas do mal
cultivei raiva do meu irmão,
paixão pelo que é errado,
dei espaço às ervas daninhas,
e nunca aceitei que estava enganado.
Senhor, olha as minhas necessidades!
e faça das minhas mãos, dos meus pés,
da minha boca e do meu coração,
órgãos úteis ao teu Reino. Abençoados!...
E que eu viva para o teu louvor,
para abençoar e ser abençoado!...
Leia mais poemas no site do Pastor Valdomiro: http://valdomiropires.com.br/poesias/