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quarta-feira, julho 12, 2017

Dois poemas de Newton Messias


Poema para maiores
apenas me interessam poetas que lutaram com Deus
e não fugiram de seu anjo
que se recusaram a beber o vinagre dos homens
e jejuaram quarenta dias e quarenta noites
vencendo a serpente por serem fracos o bastante
apenas me interessam poetas que se coçaram em telhas
e entre inimigos não lançaram maldição
que no deserto ouviram Deus na caverna
e cercados de mercenários e ladrões
escreveram versos improváveis
apenas me interessam poetas
que brotaram do chão das angústias
e após a longa espera escura e solitária
ergueram a voz no ermo
e cujas cabeças degoladas pelo príncipe
pronunciaram a palavra apocalíptica
apenas me interessam poetas que suaram sangue
sobre as rosas do jardim
e cheiram à casca de antigas figueiras
cujas raízes cavaram muito fundo
que dormiram entre os leões
e cantaram a mais suave canção
no poço onde foram jogados pelos seus irmãos
apenas me interessam poetas que morreram
para serem habitação de um outro espírito
que não conhecem outra palavra senão amor
e aonde vão a sussurram em nossos ouvidos surdos

Formação
1
Poeta não nasce pronto
(eu não sei quem leva a sério 
ou inventou esse conto).

Ele, tal qualquer artista,
nasceu com a alma inquieta
(pra desgosto da família),

sentindo sobre seus ombros
(qual filósofos e místicos)
a mão gorda dos assombros.

2
Mas isso é apenas o início,
ponto de partida, o zero 
de uma jornada difícil.

Se quiser seguir em frente 
com vocação tão incerta
e falar a toda a gente,

deve depurar sua arte
mesmo madrugada dentro: 
deve fazer a sua parte.

3
Entre leituras e escrita,
investir suor e tempo:
por nisso toda a sua vida.

Pra só depois (e talvez)
por uns poucos (talvez cem)
ser lido com avidez

(quem sabe, tu, que me lês?),
que se escutem com emoção
nos poemas que ele fez:

a voz do seu coração.

Leia mais poemas na página do autor: Poemas de Newton Messias

quinta-feira, abril 13, 2017

O Cristo e sua Páscoa: 3 Poemas


Paixão

Newton Messias

Foste pendurado nu entre céu e terra
como se ambos te condenassem ao degredo.
Mas não: convulsionou-se aflita em baixo a terra
e em cima o céu, em pleno dia, fez-se negro.

Foste traído pelo amigo, aprisionado
e bem alto, de abandono, se ouviu teu grito.
Como se até mesmo por Deus abandonado
morresse fora dos muros um ser maldito.

Mas em segredo e longe dos olhos humanos
(são sempre ocultos os milagres mais reais)
o véu do templo se rasgava totalmente.

Sinal que o Pai cumpria enfim antigos planos
de perdão, reconciliação, gratuita paz:
inaugurando um novo reino para sempre.



O milagre da Páscoa

Rosa Leme

Seu amor divino ilumina nossos corações.
A grande infâmia e as dores agudas
O seu amor e o poder da sua paz.
Da cruz serve para revelar 
Ele se esvaziou...
Resplandeceu dos seus lábios.
Ali pregado na rude cruz ele não exaltou. 
Só o amor e a graça
Desse mundo árido, seco.
Ele teve sede ofereceram o cálice amargo. 
Ele sentiu a aridez má, 
O terrível cálice da ira
Foi transpassado pela afiada espada.
Esgotou até a última gota 
Do amargo cálice 
Sobre o maldito madeiro da cruz. 
“Eloi, Eloi, Lamá sabactani...”
Estou firme no glorioso caminho;
O grito de angustia resume 
O fim do tormento das trevas.
 A morte está vencida. 
Tudo está consumado. 
No gozo do céu a coroa de amor
Feliz páscoa para todos!
Substituiu a coroa de espinho. 
A cruz vazia é a evidencia 
Que o milagre do amor
Já foi concluído.



DE TAL MANEIRA

Julia Lemos

O homem que amou o mundo de tal maneira
não fez poesia.
mas suas palavras incandesciam
varavam portas e prorrompiam
as paredes do coração

O Mestre não era homem de poesia
mas sua frases arremessavam-se tais torpedos
acordando reis estarrecidos.

Não era lírica a voz do homem que se apaixonou
daquela forma pelo mundo.
Falava dos lírios
dizendo que se tivéssemos fé 
seriam assim nossos vestidos.
Falava dos pardais
para nos lembrar a nossa importância,
Deus teria todo o cuidado se a Ele
entregássemos nossos mais secretos fardos.

Eram como versos brancos
as suas palavras lisas e de pedras pontiagudas
ferindo nosso amor de brilhantes,
safiras, águas marinhas, turmalinas. 
E ungia-nos com óleo fresco e a água lustral
que se davam aos deuses.

Na noite já alta ele despedia amigos
com os corações contentes
e as mentes cheias de perguntas.

Dobrava os joelhos.
Lá no monte sua voz ecoava
em remoinho pelo deserto:
- Pai!
Falava sobre os homens 
e suas palavras eram ouvidas a meio-tom
por um Deus perplexo.



domingo, abril 02, 2017

Águas Vivas volume 5 - Antologia de Poesia Evangélica


A Antologia Poética Águas Vivas, seleção bianual que desde 2007 reúne a produção de poetas evangélicos que se tem destacado pela sua ótima produção, chega a seu quinto volume. O livro, de noventa e seis páginas, pode ser baixado gratuitamente. 

Prefácio

Costumo dizer que a poesia é a antecâmara da Fé. A entrega poética, o salto/libertação que o sentimento poético opera, prenuncia a entrega maior que a fé solicita. E este livro é uma obra de fé. A de quem escreve e a de quem lê, a de quem, em meio a tempos de furiosa turbulência e apressadas solicitações, consegue tempo e alma para adentrar esta antecâmara que fala de re-ligação com o divino.
Pois a caravana não pode parar. De diversos cantos, o canto dos peregrinos ainda faz-se ouvir. A primavera resiste. A poesia cumpre seu papel, supre alento aos homens.
Nesta nova seleta, como já é tradicional em Águas Vivas, reunimos a voz experimentada de poetas laureados à voz de jovens iniciantes nos meandros poéticos, promissores e já de forte expressão.
Uma outra tradição de Águas Vivas é promover e celebrar a fraternidade que podemos chamar de lusófona: Desde a primeira edição, apresentamos, junto aos autores brasileiros, a obra de excelentes poetas evangélicos portugueses. Neste volume, além da presença honrosa do pastor, escritor e poeta português Samuel Pinheiro, ampliamos nossa corrente fraternal até a nação irmã de Moçambique, na figura da jovem Carla Júlia, poeta cuja riqueza de expressão é de admirar. E não bastasse a reunião de tão boa poesia devocional, apenas isso -  a comunhão em livro de ótimos poetas de três continentes, três países da lusofonia – já seria um selo distintivo a chancelar a relevância de Águas Vivas.
O talento em comum é aqui o eixo axial a unir poetas tão díspares em estilo, que operam nas mais variadas frequências poéticas, e que, juntos, dão o tom democrático que sempre norteou esta antologia. Da beleza clássica dos sonetos de Natanael Santos aos versos de moderna dicção e com um toque de poesia marginal de Newton Messias; da caudalosidade hermética de Jorge F. Isah ao poema franco e filosófico de Júnior Fernandes; da maturidade decantada de Samuel Pinheiro até os versos sublimados da jovem moçambicana Carla Júlia e à terna entrega devocional de outra jovem, Karla Fernandes, estabelece-se aqui a corrente confraternal que, tenho certeza, acrescerá encanto aos olhos de todo amante do verso inspirado.
É pois com renovada alegria que entregamos aos leitores este novo volume de Águas Vivas.
  
Sammis Reachers, organizador.

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Caso não consiga realizar o download, solicite o envio por e-mail escrevendo para: sreachers@gmail.com



quinta-feira, março 09, 2017

PASSAGEM, livro de Newton Messias para download gratuito


Prefácio

A poesia de Newton Messias é a verbalização de sua ampla humanidade: ora ferida (& exposta), ora oferta amiga, contundente em sua busca de paz e equalização, justiça e misericórdia. Frutos que ela quer e possui, e, em seu amor resiliente, avança semeando-os em todas as escalas, fundando suas próprias territorialidades semióticas.
Seu verso ora livre, ora liberto em rimas, tem o toque desconcertante e álacre da poesia marginal; alma e musicalidade são o tônus de suas composições, onde toda uma herança de modernos faz-se ouvir, ruído de fundo, eco a perpassar sua prosódia prenhe de linguagens mestiçadas. Filho e andarilho do mesmo chão pernambucano que um Cabral de Mello Neto e um Manoel Bandeira, encontramos em Newton um poeta feito, que trabalha a palavra com a perícia com que dedilha seu violão (é professor da violão clássico no Conservatório Pernambucano de Música).
Sua poesia não se alheia, refém de vazios alumbramentos, mas firma sua voz no cotidiano, percebendo e decompondo(-se) (n)o zeitgeist, o espírito de seu tempo, como neste trecho de Paz moderna:
após desejar bom dia em trinta grupos do whatsapp
saiu calado sem cumprimentar ninguém

depois de assinar um avaaz contra a corrupção
estacionou na vaga de idoso (...)

Sua fé é a crença dos alforriados da religiosidade, dos que depositam em Cristo o somatório de tudo o que são – fraquezas e dons, sucessos e angústias – enfastiados pelo moroso amor e a célere corrupção que faz descarrilhar do verdadeiro cristianismo a tantas das instituições ditas cristãs.
É um prazer segredar ao leitor que este pequeno volume, para parafrasear o título de um famoso livro de Mário Quintana, é um Baú de (alegres) Espantos, uma aprazível seleta de poesia das mais vivazes, audazes e comunicantes de empoderamento, empoderamento em amor, que tenho lido nos últimos tempos.

Sammis Reachers

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sexta-feira, fevereiro 10, 2017

Três poemas de Newton Messias


Pescar, semear
para Sammis Reachers Cá onde a rede é o mar rede vou lançar de largo trançado que apanhe o peixe já cansado Já fora do mar ácido vento chama o pássaro (ou peixe voador) que seja também pescador Lá onde o campo é o mundo deserto profundo importa lançar semente em tudo que é lugar Vá no mundo que é vasto na rede que é mar cumprir o chamado: o amor de Jesus encarnar



Igreja, corpo nu


Ora, a igreja é o corpo (nu) de Cristo!

Nosso pudor o vestiu de pedras, panos, gestos ensaiados, maquiagem.
Nossa covardia o trancafiou no templo, nas redomas, nas trincheiras, nos guetos.


É preciso libertar o corpo de Cristo!
Deixá-lo nu. 
Deixá-lo errante no mundo.

(Lembra que ele sofreu e morreu nu e fora dos muros?)

Vestimos o Corpo - ele não causa Escândalo.
Prendemos o Corpo - ele não provoca Revolução.

Ora, o corpo de Cristo é justamente isso: escândalo e revolução!


Saga de fruto

Tu vês a beleza e a doçura que um fruto carrega?
Carrega o que nele também foi processo e espera
Espera paciente do grão semeado na terra
Na terra que é mãe do processo que a todos encerra

Encerra essa saga do fruto uma grande lição
Lição repetida nas dores de cada estação:
Que o fruto que surge após a beleza da flor
Todo ele carrega na carne uma história de dor
Visite a página do autor no Facebook: https://www.facebook.com/poesiatd

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