Nem toda a armadura que um rei lhe dá é feita para você
Nem todo o reino que um rei constrói será o limite do seu
Nem toda espada que o rei lhe entrega poderá empunhar
Nem todo o prêmio que conquista poderá erguer
Nem toda a unção que recebe será para reinar hoje
Nem toda a paixão que sente poderá ser vivida
Nem todos os seus esforços serão reconhecidos
Nem todos os que você ama irão lhe compreender
Nem todos os seus amigos viverão para sempre
Nem todos os reis da corte deixam de ser solitários
Nem todas as mãos que reinam construirão templos
Nem todos os que fracassaram deixam de ser valentes
Nem todo o homem de caverna deixa de ver o sol
Nem todas as fundas medíocres deixam de ser armas
Nem todos os gigantes são invencíveis
Nem todos os cânticos serão de lamento
Nem todos os coxos deixarão de ser príncipes
Nem todos os reinos deixam de ser eternos
Chamado
Eu lanço as varas ao chão
flóreas de sonhos e leis
rosto em pasto e relento
com as varas do pastoreio
Tão serpentes que rastejam e ferem
Na rúbrica de um aceno o olhar da sarça queima
Não ás folhas, não ao pasto
os pés ás eiras, descalsos
segredando a língua pesada
do passado suspenso ao pó
Os acentos, os sotaques
Ainda não há a identidade
as túnicas ressoam e arrastam
arfando em Sissils pelos ramos
num exílio senil marcado
Palavras são como pedras
e pelejam celestes na partida
Por fim, varas ao solo
pois já não há forças nestes ombros
ante o menorah das luzes.
O Quinto Cálice
Eis a mesa posta
Consigo todos os cálices
O cordeiro, o cheroseth
O sabor de ser escravo
nas ervas mais amargas
Dê tempo aos pães...
Comamos reclinados
Ao seio do melhor amigo
Já descobertos dos mantos
Já descalços...
E virá a tarde
Cada um ao seu outro
De memórias límpidas
Até que se beba do novo
Do vinho rejeitado
Cantai o hino. Cantai!
Atai sobre vos o escrito
que outrora imputava dívidas
Cantai agora, cantai!
Tomai, bebei...
“Este é o meu sangue...”.
Consigo todos os cálices
O cordeiro, o cheroseth
O sabor de ser escravo
nas ervas mais amargas
Dê tempo aos pães...
Comamos reclinados
Ao seio do melhor amigo
Já descobertos dos mantos
Já descalços...
E virá a tarde
Cada um ao seu outro
De memórias límpidas
Até que se beba do novo
Do vinho rejeitado
Cantai o hino. Cantai!
Atai sobre vos o escrito
que outrora imputava dívidas
Cantai agora, cantai!
Tomai, bebei...
“Este é o meu sangue...”.
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