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segunda-feira, agosto 27, 2012

Três poemas de Serginho Reis


Davi
Nem toda a armadura que um rei lhe dá é feita para você
Nem todo o reino que um rei constrói será o limite do seu
Nem toda espada que o rei lhe entrega poderá empunhar
Nem todo o prêmio que conquista poderá erguer
Nem toda a unção que recebe será para reinar hoje
Nem toda a paixão que sente poderá ser vivida
Nem todos os seus esforços serão reconhecidos
Nem todos os que você ama irão lhe compreender
Nem todos os seus amigos viverão para sempre
Nem todos os reis da corte deixam de ser solitários
Nem todas as mãos que reinam construirão templos
Nem todos os que fracassaram deixam de ser valentes
Nem todo o homem de caverna deixa de ver o sol
Nem todas as fundas medíocres deixam de ser armas
Nem todos os gigantes são invencíveis
Nem todos os cânticos serão de lamento
Nem todos os coxos deixarão de ser príncipes
Nem todos os reinos deixam de ser eternos

Chamado

Eu lanço as varas ao chão
flóreas de sonhos e leis
rosto em pasto e relento
com as varas do pastoreio
Tão serpentes que rastejam e ferem

Na rúbrica de um aceno o olhar da sarça queima
Não ás folhas, não ao pasto
os pés ás eiras, descalsos
segredando a língua pesada
do passado suspenso ao pó

Os acentos, os sotaques
Ainda não há a identidade
as túnicas ressoam e arrastam
arfando em Sissils pelos ramos
num exílio senil marcado

Palavras são como pedras
e pelejam celestes na partida
Por fim, varas ao solo
pois já não há forças nestes ombros
ante o menorah  das luzes.


O Quinto Cálice

Eis a mesa posta
Consigo todos os cálices
O cordeiro, o cheroseth
O sabor de ser escravo
nas ervas mais amargas

Dê tempo aos pães...
Comamos reclinados
Ao seio do melhor amigo
Já descobertos dos mantos
Já descalços...

E virá a tarde
Cada um ao seu outro
De memórias límpidas
Até que se beba do novo
Do vinho rejeitado

Cantai o hino. Cantai!
Atai sobre vos o escrito
que outrora imputava dívidas
Cantai agora, cantai!
Tomai, bebei...
“Este é o meu sangue...”.

Visite o blog do autor: http://serginhoreis.blogspot.com.br

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Dois poemas de Serginho Reis



Declaração de Amor*

Eu te amo como quem grita
como quem ressuscita e não torna
como quem te adorna de afagos e cânticos
e como quem te necessita
Amo-te além dos meus dias
amo-te com toda a sorte e a sede de quem vibra
Amo tua terra, tua água
Te amo como quem dá
te amo como quem tira
Como quem plana além das tormentas
adorar-te é amor que alimenta
E se amar-te é viver ainda
amar-te-ei com toda a minha vida
amar-te-ei em cada momento.

* Expressão daquilo que mais arde em meu peito, além de toda a poesia e canção que se possa compor... 
Ao meu Rei e amado Senhor Jesus Cristo.



Avesso

Não sei se gosto tanto das rimas
das regras, dos acordos
Fujo de tudo o que é querido
Do certo, do político
Me esquivo do morno.

Abomino os políticos!

Os polidos, os populares
O ortodoxismo
A gente certinha e puritana
Morada de virtudes. Os doutos
com os indicadores banhados à ouro

Não são meus irmãos os juízes...

Agradam-me as dissonâncias
As décimas terceiras, sétimas menores...
Nada de movimentos!
Nada de prelúdios
ou de quaisquer estruturas.

Sem essa de sonetos
De quadras, de períodos
Sem sorrisos, por favor...
Sem sorrisos

Livrai-me da gramática, Senhor
Da lógica e da aritmética
Só quero a química
Esta pode ser...

Dê-me um sentimento sem sentido
uma casa de palha, cheia de graça
Sem colunas ou paredes
na fulgura de uma tormenta.

Tanto faz, fundamentos de areia
Quero um momento só
que valha a pena ser eterno.

Quero a petulância do pivete
e a palavra do velho
Quero um rio de proezas
E o direito de tê-la...

Ela. Deus sabe quem...

Visite o blog do autor: http://serginhoreis.blogspot.com

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