segunda-feira, maio 14, 2012

Dois poemas do Pr.Assis Cabral


Edward Hicks

Noé

Aí vem o dilúvio. Entra sem demorar
Na arca que construíste em anos, muitos anos
Leva a tua mulher, filhos, noras... Os danos
Que a terra vai sofrer quem pode calcular.

O famoso Noé, duma fibra sem par,
Obedece ao Senhor. Seus esforços insanos
Valem pela vitória. É que os divinos planos
Cumprem-se para a raça humana destroçar.

As águas em porções crescem por todo o mundo
E as fontes abismais do pélago profundo
Rompem-se. A mortandade é pavorosa até.

E a arca vai subindo além dos altos montes
Até surgir o sol nos claros horizontes
Levando o homem de Deus o intrépido Noé.


De Longe...

Venho de muito longe, exausto da jornada,
Das praias, areais, penhas rijas, abrutas,
Em refregas cruéis, nas mais duras labutas,
Com sombra, chuva ou sol, ventos ou invernada.

Venho do interior, da capina e a roçada,
Das viagens sem fim, dos prados e das grutas,
Dos dias de bonança e do fragor das lutas.
Venho qual peregrino ao fim da caminhada.

Venho do Seminário, a casa da virtude,
Do púlpito, pioneirismo e da seara rude...
E quanto essa lembrança me enche de saudade!

Por que não retornar à infância, ao tempo moço?
Ao passado distante e não mais me remoço?
Estou na senectude. E vem a Eternidade.

In O Jornal Batista

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom!

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