terça-feira, fevereiro 09, 2010

Dois poemas de minha autoria

minhsa *


Mumbai Overseas

A dor é grande
Numa megalópole cinza
Meu riquixá avança
Calos secos em pés e mãos,
Corpo firme,
Coração despedaçado
Dá-me força para servir, Senhor

A dor é grande
E o pranto primal desta urbe
Que o aD(J)versário equaliza & amplifica
Onipresente ruge
Nas microfibras que tecem
A minha camisa
O grito persiste, faz-se
como que meu,
Como que eu

A dor é grande
Mas quando meu celular reinicia
Eu leio no LCD a saudação
- sem pontuação, sem maiúsculas –
jesus deu se por ti
Isso apenas
E isso, ao cabo,
Muda tudo, Senhor

T u d o  n u m  r e l a n c e  m u d a

E o aparelho
Fabricado na Indonésia
Por mãos muçulmanas
Que talvez não conheçam o Teu Nome
Diz-me
‘Hello, moto’
E em minha intimidade
De ex-inimigo
Em tão incompreensível paz
Aceito
Digo-Lhe (a Ti), Senhor:
- Hello, Rabi
Neste grande dia cinza
da Bombaim de cegas castas
Encha-me da Tua Palavra
Viva
Megaloquente
Que incendeia meus cismares
Teu Espírito me complete, Raboni
Com seus upgrades de Fogo

Louvado e exaltado para sempre
Seja o Teu nome
Aceita por todos
A Tua mão
Que um dia eu perfurei
Que fazê-Lo conhecido, ó meu Caminho
É tudo o que importa
E que para mim o seja
Radical, ultraortodoxamente

Calcina as desimportâncias
Do meu ego, dos meus pares, da minha era Senhor
Lança-me
Contra a corrente



Ficções Escatológicas

Estamos em 2064, Brasília,
11 horas da noite, dentro do bar
Babylonia Centauro

Lá fora
mas estranhamente
aqui dentro também
a Igreja Integralista da Emersão da Luz
tudo domina

Há 36 deles aqui
se embebedando
com cruzes tatuadas
em suas íris

Não bebo, Senhor,
é claro que não bebo
amo-os e detesto-os
e essa contradição
já se me tornou um
mundo
um mundo de pecados
dentro de meu pecado

Sabem o que sou,
não gostam de mim, ouriço anacrônico
em seu caminho

E que se me dá o volume,
o teor, a direção a vilania
o caudal de sua corrente?
Tenho 86 anos e estou contra ela,
e nunca tive medo, Senhor.

Uma morte maior
Ulula no horizonte...

Ontem à noite, na Prússia Austral,
na cidade de Nova Roma III,
os anarcocristãos de Mesmer-Althuser
explodiram
a Torre de Débitos.

E qual o propósito disto,
Senhor? Qual o propósito
destes que são tão loucos e cegos
quanto aqueles a quem combatem?
Jogos de Pranto
é o que todos eles praticam,
peixes mortos no
Grande Mar Apostásico...

Valeram-se, para pôr termo ao prédio,
da Colméia de Superfusão
que o Conselho Mundial antes cria
ter sido roubada pela
Jihad Imperial Indonésia
aos coreanos.

Do outro lado do mundo,
a Lótus de Prata de Rangun,
o homem que pacificou a Ásia
e recompôs a camada de ozônio
- ou, como prefiro,
o Anticristo -
selará esta semana o acordo
Com as nações de Israel e Midi-Israel.

Ora vem, Senhor Jesus!

De um novo livro que estou preparando, em passo de quelônio...

2 comentários:

Maria Pospi disse...

Muito refletivo!
http://umnovolhar-mariah-religioso.blogspot.com/

Anônimo disse...

Abençoado é o poeta que escreve inspirado no amor de Cristo!

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