Visões da Eternidade
Vai Jacó pensativo e triste estrada afora
Sob as bênçãos do céu que exala nesta hora
Uma infinita paz que não há descrever.
A tarde reclinara, há paz, suavidade,
A alma lhe tortura uma infinda saudade
Do lar que está distante, e ao qual não pode ver.
O cansaço lhe abate a força e robustez,
No solo, pois, deitou-se, a descansar de vez,
Em cima duma pedra o pensativo rosto.
E adormece a sorrir, como quem repousasse
Em coxins de veludo a dolorida face,
E a solidão abranda o seu fundo desgosto.
Ele pôs-se a sonhar: Uma fulgente escada
Ia da terra ao céu, de paz iluminada,
De ouro, de rubis, de flores perfumosas.
Por ela eis que desciam os anjos do Senhor,
Tributando a Jeová um perfeito louvor,
Em suaves canções, sublimes, maviosas.
No caminho da vida aos pedregais extensos
Das brumas da aflição aos nevoeiros densos
De tredo desengano e esperanças fatais;
Quantas vezes, ai sim, heis de ficar calados,
Com a alma opressa de dor e os olhos tão magoados,
Vendo ao longe a ilusão que não vos volta mais.
É preciso lembrar que ao correr dos dias,
Entre alegres volatas e breves melodias
O vosso coração de Deus se esquecerá.
Então heis de voltar ao céu o pensamento,
Vereis “Visões de Deus”, vereis nesse momento,
A escada do Ideal que ao céu vos elevará.
Cansados, tiritando, à margem dos caminhos,
Entre apupos cruéis e rudes escarninhos,
Aos empurrões da Vida, eis que muitos estão.
Porém, não vos deixeis ficar ali parados,
Enquanto, a claudicar, ou em passos apressados
Vai passando, passando, a grande multidão.
Segui pois meus irmãos, segui estrada a fora
Sob as bênçãos de Deus que do céu nesta hora
Vosso Ideal anima e vossos passos guia.
Segui, pois, ó segui. E vereis transformada
Em tapetes de rosas a aridez da estrada
E mudar vosso pranto em doce melodia.
Segui, pois meus irmãos! E se um dia, adiante,
Vosso passo falhar... Coragem! Sus! Avante!
Cristo – a Escada do Céu – bem depressa galgai,
E qual novo Jacó em rude soledade,
Possais sim contemplar VISÕES DA ETERNIDADE,
E com Deus, para sempre, avançai! Avançai!
In O Jornal Batista #44 – Nov 1950
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