terça-feira, dezembro 10, 2013

Três poemas de J.T.Parreira


O GUARDADOR DOS REBANHOS
Sentado numa pedra à beira do Hélicon conta as cabeças e vê as suas musas a comerem erva, depois conduz o lume dos olhos do rebanho à frescura das águas tranquilas
O seu rebanho faz um arco de brancura sobre a erva
O guardador de rebanhos rasga os olhos pelos quatro pontos cardeais até pelos espinhos, quando uma ovelha perde o rumo à sua voz.
30/11/2013

DESERTO DO SINAI
(Inédito)

Não havia livros para ler
No lugar onde a vastidão dos olhos dos hebreus
Se desterravam ao deserto

O único livro era pedra, a Torá
Estava na pedra

Sabemos que os alísios espalham
E o siroco deixa nas almas
o cheiro do deserto, os ventos são volúveis e modificam as formas.

02/12/2013


JONAS
Eu não sou ninguém. Deixem-me dormir! (do poema Talvez me chame Jonas) León Filipe
Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela dizia Deus, enquanto em Jope os remadores exercitavam os músculos para o remo a longa viagem para Társis através dos altos castelos do mar, deixem que os conquiste através do sono, deixai-me dormir homens do mar, deixai-me rasgar o asfalto das águas nos meus sonhos, aqui no recanto mais escuro do navio Mas é no mar que se faz a tempestade O meu corpo por um barco e sua carga e os homens, com os olhos sem outra chave senão o medo para abrir a alma e foi tudo até que o grande peixe me fechou na sua caverna, nas raízes do mundo Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela disse de novo Deus, sentado à minha espera abrindo os ferrolhos das trevas e da ignorância das águas.
10/11/2013

Um comentário:

Marcelo Gesta disse...

Excelente.... adorei!!!!

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